Quando um bacharel em Direito se forma ele enfrenta o exame da OAB e tem alguns caminhos profissionais a seguir; os mais comuns são advogar ou fazer concurso público. A decisão nem sempre é fácil, considerando que existem vantagens e desvantagens em ambos os caminhos.
Alguns bacharéis, mesmo durante a graduação, já têm bem definido o que querem exercer e qual o caminho que irão tomar. Entretanto, muitos acabam ficando perdidos diante de tantas opções oferecidas pelo mercado de trabalho.
Se você é uma dessas pessoas, que não sabe se é melhor advogar ou se dedicar às provas de concursos públicos, queremos te ajudar! Vamos trazer aqui diversas informações para lhe auxiliar e verificar o que melhor se encaixa no seu perfil.
Quais as vantagens de advogar?
Se você está pensando em advogar, e quer saber se existem vantagens, podemos dizer: sim, existem diversos benefícios quando se é advogado! Vamos explicar o porquê.
Horário flexível
Quando você é advogado, tanto autônomo como em uma sociedade, você pode ter uma certa liberdade quanto ao cumprimento do horário.
É bastante comum que alguns profissionais ou escritórios de advocacia trabalhem sob demanda, ou seja, você precisa fazer determinada atividade, mas não necessariamente em um horário pré-estabelecido.
Além disso, o judiciário brasileiro vem se modernizando e boa parte dos tribunais já conta com seus processos tramitando exclusivamente pela via eletrônica. E isso é ótimo! Afinal, permite que o advogado não só tenha um horário flexível, mas que também possa trabalhar de onde quiser (desde que tenha acesso à internet, obviamente!).
Pode atuar como profissional liberal
Muitos imaginam que advogar é sinônimo de ser para sempre empregado de algum escritório já constituído, mas isso não é verdade! Atualmente é muito mais fácil ter acesso a clientes e trabalhando de forma liberal.
Exemplos de trabalhos que podem ser desenvolvidos por profissionais liberais são a de correspondente jurídico, ou ainda como árbitro ou assessor jurídico de uma câmara de arbitragem.
Trabalhar como um advogado autônomo garante a você maior liberdade, tanto quanto a clientes como quanto a temas e causas que você tem interesse em advogar.
Possibilidade de trabalhar como advogado empregado
Sim, além de trabalhar como um advogado autônomo, exercer a função de advogado empregado em um escritório também tem suas vantagens!
A primeira delas refere-se aos gastos com os instrumentos de trabalho e manutenção do escritório em si. Se você é apenas contratado, não precisará se preocupar com isso, certo?
Outra vantagem é poder contar com o conhecimento de advogados mais experientes. Esse contato com tais profissionais pode fazer você aprender muito sobre a profissão de advogado e ajudá-lo a impulsionar sua carreira.
Quais as desvantagens de advogar?
Bom, depois de falar um pouco sobre as vantagens de se advogar, temos de elencar também algumas desvantagens, não é? Vamos a elas.
Sendo um advogado empregado
Quando se é empregado – de qualquer empresa – a primeira desvantagem pode ser a falta de plena liberdade. Ou seja, não se pode de fato fazer tudo o que almeja.
No caso de ser um advogado empregado, existem ainda algumas outras desvantagens. A primeira delas refere-se aos honorários de sucumbência. Apesar de não ser desta forma em todos os escritórios, mas ainda existem alguns em que os honorários de sucumbência ficam para o escritório, e não para o profissional!
Além disso, uma outra desvantagem é a ausência de tempo para procurar novos clientes e/ou parceiros. Às vezes a rotina do advogado empregado é tão intensa, ou tão focada em uma determinada área, que ele se priva de fazer outros contatos e angariar novos clientes para si.
Por fim, existe a falta de reconhecimento do profissional. Também não é o que ocorre em todos os escritórios, mas pode acontecer, principalmente nos maiores. Pela grande quantidade de profissionais e até de demanda, muitas vezes o advogado não é devidamente reconhecido pelo trabalho que desenvolve. E isso pode ser bastante frustrante.
Quais as vantagens de fazer concursos públicos?
Agora que você já sabe um pouco sobre os prós e contras de se advogar, quais seriam as vantagens de se prestar concursos públicos?
Renda estável
Essa é a principal vantagem quando se pensa em trilhar o rumo do serviço público Saber que o salário estará na conta no dia determinado e saber exatamente qual o valor, é bastante tranquilizante, não é?
Apesar de ouvirmos que alguns estados têm tido problemas no pagamento do funcionalismo público, são casos isolados e geralmente os problemas são resolvidos em poucos meses.
Ganho de experiência
Trabalhar como servidor público pode ser vantajoso, pois adquire-se experiência. Mesmo quem nunca trabalhou, pode prestar a prova para um cargo, ser aprovado e começar a exercê-lo, sem uma experiência prévia.
Além disso, é bastante comum que, quando ingressa um novo servidor, o órgão queira que ele se capacite. Assim, há o incentivo para que o servidor participe de cursos e congressos, o que também colabora com o seu ganho de experiência.
Benefícios ao servidor
Outra vantagem de quem se torna servidor público é que é comum haver diversos benefícios, como por exemplo:
- Auxílio-alimentação
- Auxílio-transporte
- Auxílio-creche
- Licença-maternidade de 180 dias
- Recebimento de um aumento no salário a cada período, como o triênio
- Incentivo à capacitação com acréscimo no vencimento
- Licença prêmio ou licença capacitação
Obviamente que a lista acima serve apenas a título exemplificativo, já que cada ente governamental segue suas próprias normativas quanto a esses benefícios. Então, se você pensar em fazer concurso público, leia atentamente o edital e veja se há benefícios oferecidos ao servidor.
Quais as desvantagens em prestar concurso público?
Claro que, assim como advogar, prestar concurso público também não é um “mar de rosas” e possui alguns inconvenientes e desvantagens. Saiba quais são.
Tempo de estudo para se preparar
Cada vez mais os concursos estão exigindo do candidato um nível de preparação excepcional. Essa exigência elevada se deve também ao grau de preparo dos “concurseiros”, que têm cada vez mais se especializado no ramo.
Assim, se você cogita prestar concurso público, separe um bom tempo da sua vida para isso. A dedicação deve ser bastante alta, durante meses ou até anos. Então analise se é isso mesmo que você almeja.
Inviabilidade de crescimento no próprio cargo
Apesar de muitos cargos públicos terem uma tabela de progressão, em que o servidor vai aumentando de nível e classe dentro do cargo, é só isso que existe. O que quero dizer é que, diferentemente do setor privado, se você ingressa em um cargo, você só sairá dele através de outro concurso, ou se aposentará nele.
Assim, se você fez concurso para, por exemplo, técnico judiciário você não poderá ser “promovido” a analista judiciário no decorrer do tempo. Você só se tornará analista se prestar outro concurso!
Essa ausência de crescimento dentro do órgão pode ser bastante frustrante, principalmente se o servidor ocupa cargos intermediários que não lidam com a atividade fim.
Incertezas quanto à abertura do certame
O atual governo federal já deixou bastante claro, através de diversas declarações, que os concursos estão suspensos e que não há perspectiva de novos certames por enquanto. E isso se repete também em alguns estados e municípios brasileiros.
A incerteza quanto à realização ou não de um concurso pode ser desgastante. Isso porque para se preparar bem, o candidato deverá estudar antes de o edital ser publicado. Então veja o cenário: você estuda por diversos meses, pois havia boatos da realização de determinado concurso, passam dois anos e nada do concurso acontecer! A frustração é gigantesca, não? Então, leve isso também em consideração.
Vale a pena advogar e estudar para concursos?
Bom, para responder a essa pergunta, você deve, primeiro, fazer uma autoanálise da situação em que se encontra. E como fazer isso? Analisando as seguintes questões:
- Eu sou um advogado autônomo e faço tudo sozinho?
- Eu pertenço a uma sociedade advocatícia?
- Eu consigo gerir bem meu tempo de trabalho e de outras atividades?
- Meu trabalho exige muitíssimo de mim e fico muito cansado no final do dia?
- Se eu fosse prestar um concurso, seria para que cargo?
- Qual é o nível de concorrência desse cargo?
- Eu aceitaria estudar para um cargo de nível de escolaridade menor que o meu atual?
São muitas questões, não é? E isso demonstra o quão difícil é analisar se vale a pena ou não unir a advocacia com o estudo para concursos públicos.
Particularmente achamos bastante difícil conciliar tudo, algo acaba sendo feito “pela metade”. O trabalho de um advogado tende a ser bastante estressante e, muitas vezes, sem uma rotina pré-estabelecida. Afinal, sempre pode aparecer uma reunião ou audiência de última hora, um cliente que precisa ser atendido urgentemente, enfim… situações que “quebram” a agenda do profissional.
E, uma das coisas mais importantes no estudo para concursos é ter tempo e organização para estudar. Além disso, o foco é primordial. Muitos concurseiros estudam especificamente para aquele concurso – alguns sequer trabalham!
Mas, se você acha que é válida a tentativa, talvez uma opção seria escolher um cargo menor ou menos concorrido para prestar. Após a aprovação e nomeação, você poderia tentar o cargo que de fato almeja.
Será que dá pra ser servidor público e advogar?
De forma geral, sim! Dá para ser servidor público e advogar. Claro que aqui não estamos falando dos servidores públicos que são advogados (como os procuradores ou defensores públicos), mas sim daqueles que querem ter um cargo público e advogar na seara privada.
Mas, se você pretende fazer isso, primeiro deve estar atento, pois a OAB impõe algumas restrições aos servidores públicos que almejam ser também advogados. Essas restrições estão previstas no art. 28 da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da OAB) que dispõe que a advocacia é incompatível – mesmo em causa própria – com as seguintes atividades:
- Chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus substitutos;
- Membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas, bem como de todos os que exerçam função de julgamento em órgãos de deliberação coletiva da administração pública direta e indireta;
- Ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administração Pública direta ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público;
- Ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e de registro;
- Ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade policial de qualquer natureza;
- Militares de qualquer natureza, na ativa;
- Ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais;
- Ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras, inclusive privadas.
Assim, se você é servidor público e deseja advogar, deve prestar atenção para ver se seu cargo não se enquadra em nenhuma das situações acima expostas. Caso contrário, você pode sim ser servidor público e advogar!
Gostou desse artigo? Veja também como conseguir novos clientes utilizando o marketing jurídico.